quinta-feira, 7 de maio de 2009

As principais guitarras usadas tradicionalmente no blues e suas características

A guitarra surgiu a partir do violão acústico. A idéia era amplificar o som do violão, que, por seu tamanho reduzido, não era "páreo" para os demais instrumentos de uma banda, como percussão, bateria e, principalmente, metais.

A princípio, a guitarra elétrica nada mais era do que um violão com captação elétrica. Até os dias de hoje ainda existem guitarras elétricas assim, que são atualmente chamadas de "semi-acústicas". Na verdade, as semi-acústicas de hoje são um pouco diferente das primeiras guitarras mencionadas, e existem, inclusive, diversas variações desse tipo de guitarra. Tais guitarras são utilizadas, principalmente, por músicos de Jazz, com cordas bem grossas, a fim de conseguir uma sonoridade mais natural e acústica do instrumento.

A título de curiosidade, Foi Lloyd Load, que trabalhava na GIbson na década de 1920, quem inventou as primeiras guitarras elétricas, que como foi dito, eram violões com captação elétrica. Os primeiros modelos foram a L-5, que primeiramente era apenas um violão (o primeiro violão com "f hole" - aqueles cortes em forma de "f" nas laterais do instrumento), a ES-150, ES 125, ES 300, ES 350 e a ES-5, que era uma versão "supreme" da L-5.

Outro tipo de guitarra, muito mais conhecido em nossos dias, é a chamada "guitarra de corpo sólido". Ela se desenvolveu a partir da "guitarra elétrica havaiana", que foi o primeiro instrumento elétrico a produzir som a partir de sua eletrônica, não dependendo de parte acústica. Léo Fender já produzia os famosos "lap steels" em 1944. Daí para a invenção de sua primeira guitarra elétrica de corpo sólido, chamada de "broadcaster", foi um pulo. Em seguida veio a "telecaster" e tantas outras que conhecemos atualmente.

Tipos de guitarra

Como pudemos perceber, existem basicamente dois tipos de guitarra: As semi-acústicas e as de corpo sólido. Apesar de as semi-acústicas serem utilizadas por vários artistas de blues, como John Lee Hooker, e inclusive pelo "Rei do Blues" B.B.King, que sempre utilizou modelos Gibson ES-335 e suas variantes (atualmente ele usa um modelo signature da Gibson); as guitarras de corpo sólido são utilizadas pela maioria esmagadora dos músicos de blues.

Acredito que o motivo principal é o preço dessas guitarras, que é muito inferior ao preço das semi-acústicas de qualidade, que chegam a custar pequenas fortunas... De qualquer forma, a característica mais "elétrica", de som metálico e mais forte das guitarras de corpo sólido acabaram por se tornar o padrão de sonoridade do Blues desde que este largou os violões e as plantações de algodão e se mudou para a cidade grande.

As guitarras de corpo sólido são mais resistentes, mas baratas, mais práticas, ocupam menos espaço, sua manutenção é mais fácil e consequentemente mais barata, são mais versáteis, mais fáceis de se "customizar" (fazer alterações de acordo com o gosto pessoal), etc.

Dentro do tipo "guitarra de corpo sólido", podemos identificar dois tipos básicos bem distintos, que são modelos e parâmetros para todas as demais. São as guitarras da marca "Fender" e as da marca "Gibson". Estas duas empresas praticamente instituíram o formato desse novo instrumento. E até hoje, as demais empresas, por mais que tentem, não conseguem criar nada que supere o que foi criado por essas duas mencionadas, acabando por apenas copiá-las. E o som do blues é muito ligado a essas duas marcas. Elas diferem entre si por algumas características próprias onde a principal é a sonoridade.

As "fender" possuem um som cristalino, aberto, agudo, estalado, com pouco "sustain" e uma clareza absurda. Já as "Gibson" possuem um som forte, encorpado, com muitos médios e graves, com muito mais "sustain", e uma certa obscuridade. Essas características se devem por vários fatores, como madeiras, ferragens, processos de construção etc, mas o principal fator que diferencia as duas é a sua captação.

Até a próxima. No mês que vem veremos com detalhes os principais tipos de captadores utilizados nas guitarras de corpo sólido e suas características, bem como as influências que o processo de construção e as peças utilizadas no instrumento exercem para a sua sonoridade final.

Os captadores

O captador é a peça da guitarra responsável por captar a vibração das cordas e transformá-la em impulsos elétricos. Esses impulsos elétricos chegam ao amplificador e são novamente transformados em ondas sonoras.

O captador, na verdade, é uma bobina (um imã enrolado por milhares de voltas de fio de cobre) que gera um campo eletromagnético por onde as cordas passam. Ao vibrar, a corda induz uma mudança nesse campo eletromagnético, que é interpretada de forma a gerar impulsos elétricos, como dito anteriormente. Os primeiros captadores tinham uma bobina apenas, e são atualmente chamados de "single-coils", ou "captadores de bobina simples". Eles produzem um som límpido, aberto, cristalino, mas são muito barulhentos. Produzem um "Hum" (ruído), pelo fato de sua bobina ser suscetível de interferências eletromagnéticas externas.

Para eliminar esse problema, um engenheiro da fábrica de guitarras "Gibson", chamado Seth Lover, inventou um captador de bobina dupla, chamado então de "humbucker". Por estarem as bobinas defasadas uma em relação à outra, o ruído fruto de interferências era cancelado. Porém, por tudo se paga um preço na vida. Os Humbuckers possuem um som mais fechado, mais escuro, apesar de mais encorpado. Perderam o brilho cristalino característico dos captadores de bobina simples.

Atualmente existem diversos tipos de captadores que se situam entre um e outro oposto. Quando se ganha em um "quesito" se perde em outro. Mas basicamente existem dois tipos de captadores, com dois tipos de sonoridades distintas. Os "single-coils", com som aberto e cristalino, sem muito peso ou sustain, com agudos lindos, mas um pouco barulhentos; e os humbuckers, com som mais fechado, sem agudos cristalinos, mas com muito corpo e sustain, além da ausência de "hum".

Exitem atualmente, entre outros, captadores que sobrepôem uma bobina à outra, de forma a procurar cancelar as interferências indesejáveis, mantendo o cobiçado som de um captador de bobina simples. São os chamados "Noiseless". Eles parecem e soam como captadores de bobina simples, mas na verdade possuem bobinas duplas. Algumas marcas, como a "Fender", produzem captadores excelentes desse tipo .

Fender e Gibson

Como dito, Fender e Gibson acabaram por definir os sons característicos da guitarra elétrica. Cada marca com características próprias, quase antagônicas entre si.

As fender são guitarras que usam normalmente "single-coils". As Gibson usam normalmente "humbuckers". Cada uma delas investiu em características nos seus instrumentos que valorizassem ainda mais sua própria sonoridade.

As Fender, por exemplo, usam madeiras que tendem à acentuar as frequências médias e agudas. Já a Gibson usa madeiras que tendem a enfatizar os graves e médios. As fender são construídas com processo onde os braços das guitarras (parte comprida por onde passam as cordas) são aparafusados ao corpo do instrumento, o que dá uma característica mais aberta e estalada ao instrumento. Já as Gibson são construídas com os braços colados ao corpo, o que concede ao instrumento mais "corpo" e "sustain".

Assim, ao ouvir um som de guitarra encorpado, contínuo e rico em graves, pode ter certeza que se trata de uma Gibson, ou uma guitarra de outra marca que copie os seus conceitos. Caso escute um som brilhante, cristalino e estalado, você está ouvindo uma Fender, ou outra marca que copie seus conceitos. Basicamente existem apenas esses dois tipos de sonoridades e características entre as guitarras de corpo sólido. Ou são Fender e Gibson, ou são cópias posteriores de outras marcas. São raríssimas as marcas que conseguem produzir, com sucesso, características e sonoridades diferentes dessas duas.

Fonte: http://www.bluesnjazz.com.br

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"Nossa meta não é transformarmo-nos, é copnhecermo-nos um ao outro e aprender a ver e respeitar no outro o que ele é: o oposto de nós e nosso complemento".
HERMANN HESSE

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